Anti-semitismo de esquerda
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O anti-semitismo de esquerda é, segundo os seus proponentes, como a espanhola Pilar Rahola e o escritor brasileiro Luís Milman a mais recente forma das inúmeras variações do anti-semitismo comum. Para outros seria pelo contrário uma tentativa de intimidação a todos os que criticam a actuação do governo de Israel face ao conflito com os palestinianos, procurando silenciar opositores com o qualificativo de "anti-semita".
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[editar] Origens Históricas
Fundamentalmente, o anti-semitismo de esquerda tem suas origens no estabelecimento do Estado de Israel, em 1948. Fundamentalmente, para os sionistas, o "anti-semitismo de esquerda" tem suas origens no estabelecimento do Estado de Israel, em 1948. Contudo, a violência com que se configuraram as primeiras ocupações judaicas, nos idos de 1920, podem explicar de forma mais precisa os motivos que embasaram uma visão antagônica ao chamado "sionismo pragmático". A União Soviética apoiou inicialmente a Resolução 181 da Organização das Nações Unidas que estabeleceu a partilha da Palestina, mas rapidamente mudou de posição e passou a apoiar os esforços dos países árabes nas suas reações ( ataques) a Israel. Vale ressaltar que houve inúmeros massacres de aldeiamentos palestinos, para promover a ocupação e demarcação de território do Estado recém-criado, sendo considerado um Estado ilegítimo por grupos palestinos e árabes.
[editar] A "Sionologia"
Nos últimos anos em que Josef Stalin liderou o regime totalitário soviético, o anti-semitismo e o anti-sionismo foram o pretexto para o lançamento de mais um expurgo. Ele ficou conhecido como a "Conspiração dos Médicos", em que diversos líderes do Partido Comunista de origem judaica foram acusados de orquestrar um plano para assassinar Stalin.
Com a morte por causas naturais do ditador, em 1953, o expurgo foi suspenso e a "Conspiração dos Médicos" denunciada como farsa. Entretanto, a partir da década de 1960, surgiu a "Sionologia", uma pretensa ciência social criada nas universidades soviéticas com o intuito de gerar uma vasta literatura anti-semita. Valendo-se de informações falsas e pretensas conspirações judaicas, apresentava-se o sionismo como um plano maligno e desenvolvido por Israel para dominar toda a região do Oriente Médio em nome do Capitalismo e do "Imperialismo".
As semelhanças entre o discurso sionologista e as teorias anti-semitas dos tempos da Rússia Czarista não eram fortuitas. A sionologia aproveitou-se do anti-semitismo que era culturalmente endémico na Rússia, acrescentando à "ciência social" uma componente de luta de classes onde os judeus eram apresentados como os fomentadores do capitalismo e como criadores de uma situação de exploração social.
As ideias sionologistas formaram boa parte das lideranças árabes da segunda metade do século XX. Mahmoud Abbas, o atual presidente da Autoridade Palestina, é formado em História pela Escola Oriental de Moscou e autor de um livro onde o Holocausto é negado e apresentado como parte de uma "conspiração judaica com o objectivo de explorar o 'falso' sofrimento das vítimas judias do nazismo".[ ]
Neste mesmo contexto, os serviços secretos dos países socialistas tiveram um papel fundamental na formação e no treino das entidades terroristas árabes que combateram Israel.
[editar] Anti-semitismo de esquerda hoje
A partir da Segunda Intifada, em 2000, houve um recrudescimento do "anti-semitismo de esquerda" ( que pode ser visto, ou compreendido, como uma crítica às ações criminosas cometidas por Israel contra o povo Palestino, destacando como exemplos disso a destruição de bairros palestinos e a construção de um muro, em território palestino). O apoio dos partidos de esquerda e dos últimos regimes comunistas às ações terroristas contra Israel e entidades judaicas de todo o mundo demonstra que a animosidade anti-judaica está mais forte que nunca nas ideologias pós-comunistas. Em julho de 2006, o presidente da Venezuela Hugo Chávez deslocou-se ao Irã para firmar uma aliança "anti-imperialista", tendo sido condecorado pelo mesmo presidente do Irã que afirmou que "Israel deveria ser riscado do mapa" e que "o Holocausto nunca aconteceu".
O Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português (PCP) têm manifestado críticas ferozes a Israel, orientando todo o seu discurso para uma compreensão das reações terroristas sobre Israel e o Ocidente em geral. E o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) do Brasil distribui um manifesto onde sustenta que "o que caracterizava o grupo social dos judeus na Idade Média era a relação econômica entre eles e o restante da sociedade". Assim, a religião é anulada ante um velho mito já presente na literatura anti-semita do século XIX, posteriormente enformada na URSS.
Seriam exemplos de intelectuais anti-sionistas de esquerda o escritor português José Saramago, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, o linguista norte-americano Noam Chomsky (judeu) e o escritor Norman Finkelstein (cujos pais foram verdadeiras vítimas do Holocausto) e os escritores brasileiros Georges Bourdoukan, José Arbex Jr. e Emir Sader, entre outros.
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- [1] Ensaio do sociólogo português Tiago Barbosa Ribeiro sobre o universo ideológico e cultural do novo anti-semitismo de esquerda. Disponível também em html [2]
- [3] Artigo de Luís Milman sobre as ligações entre a esquerda e os negacionistas do Holocausto;
- [4] Site de Pilar Rahola, parlamentar espanhola de esquerda e crítica do anti-semitismo de esquerda.