Pedro Nunes
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- Nota: Se procura a classe de navios, consulte Classe Pedro Nunes.
Nascimento | 1502 Alcácer do Sal, Portugal |
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Falecimento | 11 de Agosto de 1578 Coimbra, Portugal |
Nacionalidade | Português |
Pedro Nunes (Alcácer do Sal, 1502 — Coimbra,11 de Agosto de 1578) foi um matemático português e um dos maiores vultos científicos do seu tempo, que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da navegação, essencial para as Descobertas portuguesas. Dedicou-se ainda aos problemas matemáticos da cartografia. Foi também o inventor de vários aparelhos de medida, incluindo o nónio (nonius, o seu sobrenome em latim).
Em 1537 traduziu para português o Tratado da Esfera de Sacrobosco, os capítulos iniciais das Novas Teóricas dos Planetas de Purbáquio, e o livro primeiro da Geografia de Ptolomeu. Em 1544 foi-lhe confiada a cátedra de Matemática da Universidade de Coimbra, a maior distinção da época que se podia conferir a um matemático. Como muitas famílias judaicas portuguesas do seu tempo, a família de Pedro Nunes foi obrigada a converter-se ao Cristianismo. Os pais de Pedro Nunes eram judeus. Pedro Nunes era pois aquilo o que na altura se chamava de um "cristão-novo". Seus netos Matias Pereira e Pedro Nunes Pereira foram presos, torturados e condenados pela Inquisição.
O primeiro esteve preso entre 31 de Maio 1623 e 4 de Junho de 1631 o segundo em Lisboa, entre 6 de Junho de 1623 e 1632.
Índice |
[editar] Vida
A infância de Pedro Nunes é pouco conhecida. Ele estudou na Universidade de Salamanca talvez de 1521 a 1522, e na Universidade de Lisboa (que mais tarde veio a ser a Universidade de Coimbra) onde fez a sua graduação em medicina em 1525. No século 16, a medicina usava a astrologia, e assim ele também aprendeu astronomia e matemática. Pedro Nunes continuou os seus estudos em medicina, mas também leccionou várias disciplinas na Universidade de Lisboa, incluindo Moral, Filosofia, Lógica e Metafísica. Quando, em 1537 a Universidade voltou para Coimbra, ele foi para a re-fundada Universidade de Coimbra para ensinar matemática, um cargo que manteve até 1562. Esta era uma nova disciplina na Universidade de Coimbra e foi criada com o intuito de fornecer as instruções técnicas necessárias para a navegação, que se tornara um tópico bastante importante em Portugal neste período, onde o domínio do comércio marítimo era essencial para o país. A matemática tornou-se umas disciplina independente em 1544. Além de se dedicar ao ensino, foi nomeado como Cosmógrafo Real em 1529 e Cosmógrafo Real Chefe em 1547 até à sua morte.
Em 1531, o Rei João III encarregou Pedro Nunes da educação dos seus irmãos mais novos, Luís e Henrique. Anos depois, foi ambém responsável pela educação do neto do rei (e futuro rei), Sebastião.
É possível que durante a sua estadia em Coimbra, Christopher Clavius tenha assistido às aulas de Pedro Nunes, sendo assim influenciado pelo seu trabalho.
[editar] Obra
Pedro Nunes viveu num período de transição, onde a ciência mudou de uma índole teórica (e onde o principal papel dos cientistas era comentar os trabalhos dos autores precedentes), para a provisão de dados experimentais, ambos como forma de informação e como método de confirmar as teorias existentes. Nunes era acima de tudo um dos últimos grandes comentadores, como mostra o seu primeiro trabalho publicado, mas também reconhecia a importância da experimentação.Por exemplo, eve viu a importância dos navegadores portugueses serem capazes de navegar para sul do equador, apesar dos autores anteriores terem assegurado que isso era impossível, assim demontrando que existia o Antípode e que os homens viviam aí como na Europa, algo que até os Santos diziam impossível
Nunes cria que o conhecimento científico devia ser partilhado. Assim, o seu trabalho original era impresso em três línguas diferentes: Português, Latim, tentando atingir uma maior audiência na comunidade escolar Europeia, e ainda um (Livro de algebra en arithmetica y geometria) em Espanhol, o que foi considerado surpreendent por alguns Historiadores, dado que Espanha era então o principal adversário de Portugal no domínio dos mares. Muito do Trabalho de Nunes está relacionado com a navegação. Ele foi o primeiro a perceber porque é que um navio que mantivesse uma rota fixa não conseguiria navegar atrtavés de uma circunferência, o caminho mais curto entre dois pontos na terra, mas deveria antes segir uma rota em espiral chamada loxodrome. A posterior invenção dos logaritmos permitiram a Leibniz estabelecer a equação algébrica para o loxodrome.
No seu Tratado em defensão da carta de marear, Nunes argumenta que uma carta náutica deveria ter circunferências paralelas e meridianos desenhados como linhas rectas. Ele também mostrava-se capaz de resolver todos os problemas que isto causava, uma situação que durou até Mercator desenvolver a projecção de Mercator, o sitema que é usado até hoje.
Nunes trabalhou em vários problemas práticos de navegação respeitantes à correcção da rota ao mesmo tempo que tentava desenvolver métodos mais precisos para determinar a posição de um navio. Ele criou o Nónio para melhorar a precisão do astrolábio. O nónio foi usado durante uns tempos por Tycho Brahe que, contudo, o considerava demasiado complexo. Mais tarde foi aperfeiçoado por Pierre Vernier para a sua forma actual.
Pedro Nunes também trabalhou em diversos problemas mecânicos, de um ponto de vista matemático.
Ele foi provavelmente o último grande matemático a fazer aperfeiçoamentos significativos ao sistema de Ptolomeu (um modelo geocêntrico), contudo isso perdeu importância devido ao modelo Copérnico modelo heliocêntrico, substituindo-o.
Nunes conheceu o trabalho de Copérnico, mas só lhe fez uma pequena referência nos seus trabalhos publicados,afirmando que era um modelo matematicamente correcto.Ao fazer isto, aparentemente estaria a evitar opinar sobre a questão se seria a Terra ou o Sol o centro do sistema. Alguns historiadores argumentam que ele provavelmente fê-lo com medo da Inquisição, visto que era um Cristão Novo.
Ele também resolveu o problema de encontrar o dia com o menor crepusculo, para qualquer posição, bem como a sua duração.Este problema per se não teria grande importância, mas serve para demonstrar o génio de Nunes, usado mais de um século depois por Johann e Jakob Bernoulli com menos sucesso. Eles conseguiram encontrar a solução para o menor dia, mas não conseguiram determinar a sua duração, possivelmente porque perderam-se em detalhes de Cálculo Diferencial, que era um campo recente da matemática naquele tempo. Isto também mostra que Pedro Nunes era um pioneiro na resolução de problemas de máximos e mínimos, que só se popularizaram no século seguinte, com o uso do cálculo diferencial.
Muitos dos resultados de Nunes foram possíveis devido ao seu profundo conhecimento de trigonometria esférica e à sua capacidade de transpor a adaptação de Ptolomeu da geometria euclideana para esse fim.
[editar] Bibliografia
[editar] Traduções comentadas e expandidas:
- Tratado da sphera com a Theorica do Sol e da Lua (Tratado sobre a Esfera acerca a teoria do Sol e da Lua), (1537). Da Tractatus de Sphaera por Johannes de Sacrobosco, Theoricae novae planetarum por Georg Purbach e Geography por Claudius Ptolemaeus.
[editar] Trabalhos Originais:
- Tratado em defensão da carta de marear, (1537).
- Tratado sobre certas dúvidas da navegação, (1537)
- De crepusculis (Sobre o Crepúsculo)(1542).
- De erratis Orontii Finei (Sobre os erros de Orontii Finei), (1546).
- Petri Nonii Salaciensis Opera, (1566). Expandido, corrigido e reeditado como De arte adque ratione navigandi em 1573.
- Livro de algebra en arithmetica y geometria (Livro de Álgebra em Aritmética e Geometria), (1567).
[editar] Referências Externas
- Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas, Dicionário das Descobertas, Pergaminho, Lisboa, 2001, ISBN 979-711-402-4
- Dias, J. S. da Silva, Os descobrimentos e a problemática cultural do século XVI (3rd ed.), Presença, Lisboa, 1988
- Trabalhos impressos de Pedro Nunes no século 16 na Biblioteca Nacional
- Biografia de Pedro Nunes, por Pedro Calafate, no Instituto Camões
- Biografia em "Vidas Lusófonas"
- Biografia de Pedro Nunes, no Centro Virtual Camões - Navegações Portuguesas
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