Matriz de Catas Altas
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Esta matriz fica localizada numa ampla praça ao fundo da qual se ergue a pedra da Serra do Caraça, à sudoeste de Catas Altas, em Minas Gerais. É nessa praça que se erguem alguns casarões antigos em bom estado de preservação, formando com a matriz o conjunto histórico da antiga cidade. Esta é uma das poucas igrejas em que se pode fixar a data de fundação com precisão pois uma notícia inserida no Códice Matoso dá conta de que em 1739 foi feito o translado do Santíssimo Sacramento para a “nova matriz, que hoje existe”. (1750) Uma boa documentação sobre os construtores do templo também foi preservada e através dela sabemos que nele trabalharam os conhecidos entalhadores Francisco Xavier de Brito e Francisco Vieira Servas. O primeiro produziu destacadas obras sobretudo em Ouro Preto e Mariana e o segundo é responsável por trabalhos de entalhe na igreja do Carmo de Sabará e esculturas no Santuário de Congonhas. No trono está ainda o Cristo crucificado, obra do Aleijadinho e que antes de ser atribuído ao mestre, tinha posição de pouco destaque no consistório dos Irmãos do Santíssimo. A parte principal da fachada é bem definida, limitada por pilastras que parecem apoiar a cimalha que é reta e pouco saliente. Os cunhais seguem o mesmo estilo. No centro do frontispício há três grandes portas em arco que dão acesso a uma espécie de alpendre após o qual estão as portas de madeira que permitem a entrada na nave propriamente dita. Esta solução, chamada galilé, é semelhante a da igreja do Rosário dos Pretos de Ouro Preto e da Basílica Menor de São Pedro dos Clérigos de Mariana. É pouco comum em Minas e não há nenhum outro caso além desses três templos citados. Acima estão três grandes janelões envidraçados que se comunicam com o coro. O frontão tem o recorte de uma curva suave, emoldurada de pedra e que se confunde com a parte inferior das torres. No centro há um pequeno óculo irregular vazado e em cima está uma pequena cruz. As torres são delgadas e emolduradas de pedras. Há pontas em cada um dos quatro cantos da base das cúpulas. Essas são em formato bastante original e se alongam até pináculos pontiagudos. Este formado incomum também é encontrado na matriz da Boa Viagem de Itabirito, também do século XVIII. Um registro de 1821 dá conta que o retábulo do altar mor não tinha pintura. Nos tempos atuais ele está adornado de fundo branco com frisos dourados. Suas colunas internas são em quartela e as externas são torsas com estrias no terço inferior e tendo, no alto, anjos apoiados sobre fragmentos de arquitrave. No coroamento está o dossel clássico com a Santíssima Trindade coroando a N.S. da Conceição. Ela cedeu lugar ao Cristo do Aleijadinho e hoje está em posição inferior ao pé do trono. Nas laterais da escadaria do presbitério estão belos anjos lampadôforos. Não há altares no transepto e sim portas que levam ao interior da matriz. Acima delas estão as pinturas dos quatro doutores da Igreja, atribuídas por alguns a Manuel da Costa Ataíde. Os altares próximos ao arco cruzeiro são um pouco recuados e de grandes dimensões. O da esquerda apresenta colunas torsas encimadas por um baldaquino e com nichos laterais em ângulo diverso ao do trono. O da direita tem formato de um oratório de grandes dimensões, com um fundo camarim abrigando uma imagem do Cristo Crucificado em estilo original. Abaixo do trono há um baldaquino e no alto se destaca um grande medalhão que ultrapassa a linha da cimalha. Nos altares seguintes - em número de quatro, espalhados pela nave - predomina o dossel com pilastras pequenas em quartelas e a presença dos braços com figuras de águias avançando pelo alto do retábulo. Os púlpitos são pintados de branco e apresentam guarda-corpo retilíneo e base de sustentação arrematada em pinhas que chegam a poucos centímetros do chão. No alto estão guarnecidos de baldaquinos de onde pendem lambrequins e sobre os quais se apóiam anjos . As tribunas, tanto da nave quanto da capela mor são trabalhadas como retábulos, adornadas com sanefas e lambrequins de madeira. Toda a Igreja é revestida em madeira entalhada e apresenta acabamentos desiguais pois parte da madeira está ao natural, parte está pintada de branco e parte é dourada e policromada. Representam momentos diversos do tempo de ornamentação da matriz, que atravessou quase todo o século XVIII.