Manon Lescaut
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Manon Lescaut | |
Nome em português | (personagem-título) |
Idioma original | Italiano |
Compositor | Giacomo Puccini |
Libretista | Nome não publicado |
Tipo do enredo | Dramático |
Número de atos | 4 |
Número de cenas | 4 |
Ano de estréia | 1893 |
Local de estréia | Teatro Régio, Turim |
Manon Lescaut, ópera em quatro atos de Giacomo Puccini, com libreto baseado na novela do Abade Prévost, L'Histoire du Chevalier des Grieux et de Manon Lescaut. Estreou a 1 de fevereiro de 1893 no Teatro Regio de Turim.
Puccini trabalhou três anos na composição desta ópera. Em janeiro de 1890, Puccini escreveu a seu irmão em Buenos Aires: Eu estou trabalhando na Manon, e depois vou fazer o Buda. A partitura ficou pronta em novembro de 1892. Primeiro, Puccini convidou Ruggero Leoncavallo para ser seu libretista. Ele logo se desentendeu com Leoncavallo, e chamou Marco Praga para trabalhar no libreto. Luigi Illica, Giuseppe Giacosa e o editor Giulio Ricordi também deram uma mão, mas parece que, no final das contas, o próprio Puccini escreveu grande parte do libreto. Às vezes, ele mandava seus libretistas escreverem versos para a música que ele já havia composto. A certa altura, ele escreveu a sua irmã Tomaide: Este libreto está me levando ao desespero. Mandei escreverem tudo de novo. Não se consegue mais achar um poeta que faça alguma coisa decente. Uma outra fonte de dificuldades está no fato de que Puccini queria evitar ao máximo utilizar as mesmas cenas do romance que já haviam sido tratadas por Massenet A partitura foi publicada pela Ricordi em 1893, sem nome de libretista.
Índice |
[editar] Sinopse
A história se passa na França e na América, na segunda metade do século XVIII.
Manon, personagem criada por Abade Prévost, exerceu grande fascínio entre os europeus do século XIX. Alguns creram ver nela o eterno feminino. Além de Puccini, outros compositores (Auber, Massenet) compuseram óperas a respeito dela. Mulher de caráter inconstante, ela é incapaz de decidir entre Geronte de Ravoir (cujo nome significa "o velho endinheirado"), que lhe oferece luxo e segurança material mas é incapaz de satisfazer seus desejos mais íntimos, emocionais e sexuais, e o jovem, bonito, impetuoso, e apaixonado - mas pobre - Des Grieux. No final, ela se decide por Des Grieux, e prefere morrer com ele num deserto da Luisiana à vida luxuosa mas vazia que lhe é oferecida pelo velho Geronte. Como típica heroína pucciniana, ela morre redimida pelo amor. Todas as heroínas de Puccini morrem assim, com exceção de Minnie em La Fanciulla del West e Turandot. Puccini tinha uma divisa para suas heroínas: Chi ha vissuto per amore, per amore si morì. Quem viveu por amor, morreu por amor. Assim como acontece com todos os compositores de óperas, se o libreto não o inspira, ele não consegue compor a música.
A partitura da Manon Lescaut denota influência de Wagner, de quem Puccini era grande admirador. A ópera toda está organizada como uma sinfonia, com uma escritura orquestral rica, densa e profunda, que rivaliza em força e poder de expressão com as linhas melódicas das vozes humanas. A partitura está cheia de cromatismos wagnerianos, e nenhuma outra ópera de Puccini contém tantas passagens em tonalidade menor.
[editar] Personagens
- Manon Lescaut..............................................soprano
- Sargento Lescaut, irmão de Manon..........................barítono
- O Cavalheiro des Grieux, amante de Manon.....................tenor
- Geronte de Ravoir, Tesoureiro Real, outro amante de Manon....baixo
- Edmondo, um estudante, amigo de Des Grieux...................tenor
- Um hoteleiro.................................................baixo
- Uma cantora..........................................mezzo-soprano
- Um professor de dança........................................tenor
- Um acendedor de lampiões.....................................tenor
- Sargento da Artilharia Real..................................baixo
- O Comandante do Navio........................................baixo
[editar] Ato I
Um pequeno hotel à beira da estrada em Amiens, na França.
À porta da hospedaria há um belo jardim com mesas ao ar livre, onde os viajantes bebem cerveja, jogam cartas, conversam. Edmondo, um jovem estudante, recita uns versinhos burlescos e picantes para umas jovens donzelas, quando chega seu amigo Des Grieux, que parece um pouco sério e preocupado. Edmondo lhe pergunta se ele está apaixonado. Des Grieux responde ao amigo que o amor é uma espécie de comédia ou tragédia na qual ele não está nem um pouco interessado.
Chega um coche de Arras, do qual descem vários passageiros, entre os quais uma jovem de rara beleza, que imediatamente chama a atenção de Des Grieux; junto com ela estão seu irmão, Lescaut, sargento da guarda real, e um senhor que eles conheceram durante a viagem, chamado Geronte. O jovem e o velho entram na hospedaria e conversam com o dono; enquanto isso, a jovem senta-se sozinha num dos bancos do jardim, com uma pequena bagagem de mão e um olhar triste mas doce. Des Grieux não resiste à tentação, aproxima-se da jovem e pergunta como ela se chama. "Chamo-me Manon Lescaut," diz ela, e explica que vai dormir naquele hotel só por uma noite, e partirá na manhã seguinte para um convento. É desejo do pai que ela seja uma freira. A curta conversa dos dois, contudo, mostra claramente que este não é o desejo da jovem. Ouve-se a voz do irmão chamando Manon de dentro da hospedaria. "Ver-nos-emos mais tarde?" pergunta Des Grieux. Ela responde que sim. "Eu nunca vi uma mulher como esta," exclama ele numa ária, Donna non vidi mai simile a questa que exprime a paixão por Manon que acaba de despertar nele. Des Grieux concebe um plano: raptar Manon e levá-la para Paris. Só que o velho lúbrico, Geronte, teve a mesma idéia. Lá dentro da hospedaria, ele oferece uma boa soma em dinheiro ao dono da mesma para que prepare uma carruagem dentro de uma hora, pronta a partir voando para Paris. Edmondo, que entreouviu a conversa de Geronte com o dono da hospedaria, vem correndo avisar Des Grieux. Chega Manon, como prometeu, e Des Grieux e Edmondo contam a ela que o velho pretende raptá-la. Des Grieux convence Manon a fugir com ele. Eles fogem na mesma carruagem que Geronte havia ordenado. Quando Geronte percebe que lhe passaram a perna, fica enfurecido, mas Lescaut o consola. Afinal, diz ele, bolsa de estudante logo fica vazia. Os dois seguem para Paris.
[editar] Ato II
O palacete de Geronte em Paris
Assim como Lescaut previra, o caso de amor entre Manon e Des Grieux não durou muito tempo. Assim que as condições materiais de subsistência do jovem casal desceram ao nível do proletariado, não foi difícil convencê-la a instalar-se na mansão do velho indecente. Nós a vemos cercada de luxo, com cabeleireiros, costureiros, peruqueiros, e um batalhão de criados satisfazendo seus mais ínfimos caprichos - chegou a hora dos minuetos e pó-de-arroz, dos quais Puccini havia acusado Massenet - talvez inescapáveis, em se tratando da Manon. Chega seu irmão Lescaut. Numa ária, In quelle trine morbide, ela exprime seu enfado com aquela vida vazia. Lescaut conta que seu amigo Des Grieux não para de importuná-lo: onde está Manon? Onde vive? Com quem fugiu? Lescaut vai buscar Des Grieux, que entra pela janela. Nem é necessário dizer que, quando eles estão no auge dos amassos amorosos, Geronte entra no quarto, arregala os olhos, abre bem a boca, põe a mão na cara num gesto de estupefação, e se retira do quarto. Manon e Des Grieux pretendem fugir; Manon enche a bolsa de jóias roubadas que ela pretende levar consigo. Geronte chamou a polícia; a casa está cercada. Policiais entram no quarto. A bolsa cai da mão de Manon e se espatifa no chão, esparramando todas as jóias. Manon é presa.
[editar] Ato III
O porto francês de Le Havre
Manon é processada por prostituição, e agora deve enfrentar o destino de todas as prostitutas: deportação para a América. O comandante do navio vai lendo uma por uma os nomes de todas as prostitutas "convidadas" a subir a bordo do navio para a deportação: Rosetta... Madelon... Claretta... Ninon... Violetta... Manon! Ao ouvir o nome de sua bem-amada, Des Grieux cai aos pés do comandante do navio e, chorando, canta para ele uma ária de tenor, suplicando a ele que o deixe embarcar como descascador de batatas. "Vai, meu rapaz! Vai povoar a América" diz o comandante.
[editar] Ato IV
Um deserto na Luisiana, perto de Nova Orleans
Numa região constantemente devastada por furacões e inundações, Manon e Des Grieux fogem de Nova Orleans, em busca de água e comida. Eles cantam um longo dueto de amor. Des Grieux se afasta um pouco para ver se avista alguma caravana ou algo parecido. É então que Manon canta sua famosa ária, Sola, perduta, abbandonata, um verdadeiro teste para as habilidades dramáticas e musicais das melhores sopranos. Parece que o pior pesadêlo de Manon se tornou realidade: ela vai morrer sozinha, abandonada por todos. Des Grieux retorna, e Manon morre feliz nos braços dele. A cortina cai.
Com o passar dos anos, Puccini comporia outras obras musicais que caíram mais no gosto do público. No entanto, Manon Lescaut foi, provavelmente, a ópera que projetou Puccini à fama e a partir daí muitos italianos o consideravam um sucessor de Verdi. É uma partitura extremamente rica e complexa. Este último ato, por exemplo, não tem atrativo cênico nenhum. O cenário é um deserto, não há nenhuma movimentação ou elemento visual atraente. A atração está toda na música de Puccini.
[editar] Discografia e Ligações Externas
- Libretto (em italiano)
- Gravações audio recomendadas
- Montserrat Caballé Manon, Plácido Domingo Des Grieux, Noël Mangin Geronte di Ravoir, Vicente Sardinero Sargento Lescaut, Robert Tear Edmondo; New Philharmonia Orchestra, Ambrosian Opera Chorus, regente: Bruno Bartoletti EMI Classics
- Maria Callas Manon, Giuseppe di Stefano Renato des Grieux, Franco Calabrese Geronte, Giulio Fioravanti Lescaut, Dino Fornichini Edmondo; Coro e Orquestra do Scala de Milão, regente: Tullio Serafin Gravação feita em 1959 (Maria Callas já havia feito outra gravação desta ópera em 1957. É interessante notar que Maria Callas nunca cantou esta ópera no palco; só fez gravações).
- Outras gravações e comentários críticos (em espanhol)
- Culture Vulture: Manon Lescaut (em inglês)
- Temporada lírica 2005-2006 Teatro Régio de Turim