Jornal O Trabalho
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O jornal, O Trabalho é o um dos mais antigos jornais da imprensa operária ainda em circulação no Brasil. Ele é o órgão de imprensa da Corrente O Trabalho do PT Seção Brasileira da Quarta Internacional (1993), corrente oriunda dos militantes trotskistas que rejeitaram a política do "entrismo sui generis" aplicada por Michel Pablo a partir de 1953 nas seções da IV Internacional.
No final dos anos 70, várias organizações que reivindicavam-se do trotskismo no Brasil uniram-se ao Comitê Internacional pela Reconstrução da Quarta Intenacional - CORQUI, que tinha como um de seus principais dirigentes Pierre Lambert. Da unificação destes grupos surgiu a Organização Socialista Internacionalista - OSI, que em 1981 ingressou no Partido dos Trabalhadores. A Organização Socialista Internacionalista - OSI então tornou-se uma corrente interna ao PT, adotando o nome do seu periódico, O Trabalho.
O jornal circulou pela primeira vez no famoso dia 1º de maio de 1978, durante o período da ditadura militar brasileira. Grande parte de seu relativo prestígio na esquerda brasileira dava-se por suas ligações com a corrente estudantil "Liberdade e Luta", conhecida como "Libelu", que ficou muito conhecida por ser uma das primeiras organizações a levantar a palavra de ordem "Abaixo a Ditadura".
No início dos anos 80, logo quando a OSI ingressou no PT (após um curto período de vacilação), houve uma tentativa frustrada de unificação com a Convergência Socialista, atualmente PSTU. O fracasso deste fato é polemizado até hoje pelos dois grupos; os "morenistas" (como se intitulam os membros do PSTU) afirmam que a organização francesa ligada a "O Trabalho" (OCI), havia "capitulado" ao recém eleito governo de François Mitterrand na França, da coalizão PC/PS. Já os partidários de Pierre Lambert negam qualquer "capitulação", afirmando que os "morenistas" têm uma compreensão equivocada da política de Frente Única, elaborada por Lênin e Trotsky no terceiro Congresso da Internacional Comunista. Essas diferenças afastam os dois grupos até os dias de hoje, como expressa a defesa e permanência de O Trabalho na CUT e a criação da CONLUTAS por parte do PSTU. A principal crítica de "O Trabalho" ao PSTU (e outros grupos, como o PCO) é o que chama de política de "autoproclamação". Alegam estes que os morenistas acreditam que seu agrupamento é o "partido pronto e acabado" dos trabalhadores, bastando que estes venham a aderir a ele. Já o PSTU e o PCO tecem fortes críticas à permanência da corrente O Trabalho no interior do PT (e atualmente também da CUT e da UNE, que consideram um partido totalmente degenerado e contra-revolucionário.
Em 1986 uma forte crise atingiu "O Trabalho". A maioria de sua direção à época, que tinha como seu principal expoente Favre (político franco-argentino que permanece no PT), contrariando as orientações internacionais, decidiu dissolver a corrente no interior da tendência Articulação do PT (da qual fazem parte Lula, José Dirceu e as principais lideranças do PT e da CUT) e não mais editar o jornal. Um importante grupo, particularmente em São Paulo, conseguiu manter a continuidade do jornal e da organização, que perdeu muitos militantes.
Em relação à corrente "DS" (Democracia Socialista) do PT, que também reivindica-se do trotskismo, "O Trabalho" sempre manteve uma política de distanciamento. Recentemente, o jornal editou várias matérias criticando o ministro do governo Lula, Miguel Rossetto.
Em 2006 ocorreu uma nova crise, com a divisão na Corrente O Trabalho, do PT. Atualmente existem duas organizações que se reivindicam das tradições bolcheviques e da IV Internacional. Uma permanece com o nome de O Trabalho e a outra utiliza o nome de O Trabalho [Maioria]. As duas correntes políticas permanecem no PT.
Apesar da reivindicação em torno das tradições, o Secretáriado Internacional da IV Internacional (1993), reconhece O Trabalho como sendo a sua seção Brasileira e não o O Trabalho (Maioria) que exige o seu reconhecimento. A facção que utiliza o termo "maioria" assim o faz por que, há época da cisão, seus dirigentes constituiam a maioria da direção nacional da corrente. Esse agrupamento tem como principal dirigente Serge Goulart, que dirige a ocupação de algumas fábricas, principalmente na cidade catarinense de Joinville. A resolução em torno desta questão se dará no 6º Congresso Internacional, no ano de 2006, ano em que a organização completa 30 anos de existência. Entretanto, o órgão de imprensa oficial da IV Internacional (1993), a revista "A Verdade" (editada deste os tempos da Oposição de Esquerda, precursora da IV Internacional), pronunciou-se sobre o tema, rechassando o agrupamento dirigido por Serge Goulart, o qual, em seu congresso, declarou como "equivocada a reproclamação da IV Internacional em 1993". Os dois grupos não mantém qualquer relação entre si.