John Donne
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John Donne (Londres, 1572 – 31 de março de 1631) foi um poeta inglês.
John Donne nasceu em uma próspera família católica, algo raro naquela época, pois o sentimento anticatolicismo tomava conta da Inglaterra. Seu pai, também John Donne, era um abastado cidadão de Londres. Em 1576, o pai de Donne morreu subitamente, deixando três filhos sobre os cuidados da mãe, Elizabeth, filha do epigramático John Heywood.
Os primeiros professores de Donne eram jesuítas. Aos 11 anos de idade, Donne e seu irmão mais novo, Henry, entraram na Hart Hall, na Universidade de Oxford, onde Donne estudou por três anos. Ele estudou os seguintes três anos na Universidade de Cambridge. Posteriormente, em 1591, ele estudou direito como membro da Thavies Inn, e, em 1592, ingressou na Lincoln’s Inn. Com isso, parecia natural que Donne se encaminhasse como diplomata ou numa carreira judiciária.
Em 1593, um dos irmãos de Donne, Henry, morreu na prisão. Ele foi condenado por acolher um padre católico, também condenado. Tal fato fez Donne questionar sua fé. Seu primeiro livro de poemas, “Sátiras”, escrito enquanto estava em Londres, é considerado um das amostras mais importantes da literatura de John Donne. “Canções e Sonetos”, seu segundo livro, foi escrito durante o mesmo período da produção de “Sátiras”.
Como herdou uma boa fortuna, o jovem John Donne gastou seu dinheiro em mulheres, livros, teatro e viagens. Christopher Brooke foi um dos amigos que mais receberam ajuda de Donne, este atuando como uma espécie de mecena. Ben Johnson era desse círculo de amizades, com origens na Lincoln’s Inn. Em 1596, Donne ingressou na expedição marítima de Robert Devereux, o II Conde de Essex, em direção a Cádiz, Espanha. No ano seguinte, ele se dirigiu aos Açores, em mais uma expedição. Lá, escreveu “The Calm”. No se retorno à Inglaterra, em 1598, Donne foi contratado como secretário particular de Sir Thomas Egerton, um grande funcionário público britânico.
Donne estava construindo uma carreira promissora. Ele chegou a participar do último parlamento da rainha Elizabeth. Entretanto, em 1601, ele secretamente se casou com a sobrinha de Sir Egerton, Anne More, com 17 anos na época. Isso destruiu qualquer esperança sua no que diz respeito à carreira pública. O pai de Anne, Sir George More, prendeu Donne por algumas semanas, junto de seus amigos, Samuel e Christopher, cúmplices do romance clandestino. Egerton libertou Donne e seus amigos, mas rejeitou o casal. Nos próximos doze anos, Donne lutou para sustentar a sua crescente família. Uma prima de Anne ofereceu moradia para o casal em Pyford, Surrey, e ambos se mudaram com ajuda de amigos. Foi então em 1609 que Donne se reconcilia com seu sogro, e Sir George More se habilita a pagar o dote de sua filha.
Durante os poucos anos seguintes, Donne fez uma pobre carreira como advogado. Destaca-se desse período a sua atuação ao lado de Thomas Morton, escrevendo panfletos anticatólicos. Foi também nesse tempo que escreveu “Poemas Divinos” e o texto “Biathanatos”. Nessa prosa ele argumenta que o suicídio não é necessariamente um pecado. Devido à aproximação com as idéias anticatólicas, Donne publicou dois poemas sob esse tema: “Pseudo-Martyr” e “Ignatius his Conclave”. Eles foram a afirmação final e pública sobre a renúncia da fé católica por Donne. “Pseudo-Martyr” exaltava os católicos ingleses que faziam voto de obediência e louvor ao rei James I, sem compromisso com a fidelidade ao Papa apostólico romano, ou seja, os anglicanos. Em agradecimento ao patrocínio de Sir Rober Drury, Donne escreveu “Elegia de um Funeral”, em memória da morte de sua filha Elizabeth. O poema valeu a Donne uma moradia na mansão Drury. Donne dedicou ainda os poemas “An Anatomy of the World” e “Of the Progress of the Soul” como presente de aniversário a Sir Robert.
Em 1607, Donne se recusou a receber as ordens Anglicanas, mas o rei James I persistiu, alegando que Donne não receberia nenhum título nobre, senão na Igreja Anglicana. Em 1615, o relutante Donne entrou para o ministério, se tornando em Capelão Real no mesmo ano. Em 1616, ele alcançou o cargo de Leitor em Divindade, na Lincoln’s Inn. O estilo de Donne, cheio de metáforas elaboradas e simbolismos religiosos, sua aptidão para o drama, seu grande conhecimento e sua esperteza ágil logo o transformaram num dos maiores oradores da época. Cerca de 160 sermões de sua autoria ainda são achados atualmente.
Quando a fortuna de Donne parecia melhorar, sua mulher, Anne, morreu. Isso se deu em 15 de agosto de 1617, aos trinta e três anos, após ter dado à luz a vintes filho, sendo o último, natimorto. Abatido pela morte de sua esposa, Donne escreveu os dezessete sonetos sagrados, Desde então, segundo seu amigo e biógrafo, Izaak Walton, Donne foi “crucificado para o mundo”. Donne continuou a escrever poesias, notavelmente seus “Sonetos Sagrados”, mas o período de versos românticos estava acabado. Em 1618, Donne foi como capelão junto do Visconde Doncaster até a embaixada dos príncipes germânicos. Antes da viagem, Donne escreve “Hymn to Christ at the Author's Last Going into Germany”, texto carregado de uma essência mórbida. Donne retorna a Londres em 1620, e é nomeado Reitor de São Paulo, o título que levantou até sua morte. Donne se destacou nesse cargo, e se estabilizou financeiramente.
Donne escreveu algumas de suas reflexões, sob a alcunha de “Devotions upon Emergent Occasions”. Elas foram redigidas enquanto Donne estava gravemente doente, e foram publicadas em 1624. No mesmo ano, Donne foi intitulado vigário de “St Dunstan's-in-the-West”. Em 27 de março de 1625, James I morreu, e Donne declamou um sermão antes de Charles I. Porém, se não fosse por sua frágil saúde (ele estava magro e sofrendo de infecções bucais), Donne teria se tornado bispo em 1630. Obcecado pela idéia da morte, Donne declamou o que foi chamado de seu próprio sermão funerário, “Death’s Duel”, algumas semanas antes de morrer em Londres, no dia 31 de Março de 1631. O último texto que Donne escreveu foi “Hymne to God, my God, in my Sicknesse”.
