Jequitibá
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Nota: Se procura pelo município brasileiro do estado de Minas Gerais, consulte Jequitibá (Minas Gerais).
Jequitibá | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | ||||||||||||
|
||||||||||||
Espécies | ||||||||||||
Cariniana estrellensis |
Recebem o nome de Jequitibá árvores de tronco de grandes dimensões, tanto em comprimento como em perímetro, da família das lecitidáceas (Lecythidaceae), havendo duas espécies referenciadas no dicionário Aurélio (a Cariniana estrellensis como sendo o Jequitibá-branco e a Cariniana legalis como sendo o Jequitibá-vermelho), às quais se pode ainda acrescentar a Couratari pyramidata. As designações populares dos dois tipos de ávores não são, no entanto, muito conclusivas. Efetivamente, ambas são designadas, em regiões diferentes, por nomes iguais e há autores que dizem exatamente o contrário do que está exposto no dicionário Aurélio.
São árvores nativas da Mata Atlântica brasileira, existentes apenas na região sudeste e em alguns estados vizinhos. Suas folhas apresentam tom avermelhado na primavera e suas flores são claras. Em tupi-guarani significa gigante da floresta, o que é compreensível. Figuram na relação das maiores árvores do Brasil, tal como os Jatobás, Sapucaias e Angelins. Na floresta, árvore adulta desta espécie pode ser vista bem acima das demais. Registros atuais anotam Jequitibás com 60 metros de altura. Para se ter idéia do que significam 60 metros, basta lembrar que esta é a altura de um prédio de 20 andares.
É possível que outros exemplares ainda mais altos e com troncos maiores tenham existido sem que se tenha registro confiável. O explorador, como é sabido, faz seleção ao contrário da natureza, buscando primeiro árvores maiores, perfeitas e sadias para derrubar. Não é preciso estudo científico, observação simples da história é suficiente, para compreendermos que quinhentos anos de exploração nos deixou apenas os menores exemplares. A maior parte foi cortada para se transformar em material de construção e mobiliário ou, então, simplesmente derrubada para dar lugar a plantações. Hoje, as árvores remanescentes pertencem à lista das espécies vegetais em extinção.
Árvore frondosa e imponente empresta nome a ruas, cidades e parques. Na música é cantada pelos caipiras, como em “Saudade da Minha Terra”, de Goiá e Belmonte:
“...vou escutando, o gado berrando, o sabiá cantando no jequitibá...”
Outros tantos fizeram graça para esta dávida derramada pela mãos divinas em nossa terra, por exemplo, em “Jequitibá”, do sambista da Mangueira José Ramos, que nos deixou em dezembro de 2001, parceiro de Cartola e grande compositor de sambas de terreiro da escola:
- ...Ô ô ô ô ô
- O Jequitibá do samba chegou
- Mangueira é uma floresta de sambistas
- Onde o Jequitibá nasceu...
Por ser bela e alta, fazendeiros costumavam derrubar outras árvores e preservar o Jequitibá como símbolo. Com enredo desenvolvido em torno desta idéia, existiu novela, onde facão enterrado no pé de Jequitibá representou a força de fazendeiro vivido por Antônio Fagundes.
Temos também obra para crianças de todas as idades. O CD “O Gigante da Floresta”, do músico e compositor Hélio Ziskind, narra fato acontecido na cidade mineira de Carangola, onde uma mobilização popular buscou salvar o Jequitibá da cidade, que após incêndio criminoso ardeu em chamas por onze dias. Bombeiros trabalharam sete dias para conter o fogo, que consumiu o interior do tronco, formando cratera dentro da qual a equipe da Polícia Florestal circulava facilmente e onde caberiam mais de dez pessoas. Este exemplar era considerado a árvore mais antiga do Brasil. O Jequitibá de Carangola, como era chamado, não resistiu e morreu no início de 2000, após mil e quinhentos anos de resistência. Outra aparição dessa árvore se deu em um episódio do programa infantil "Cocoricó", produzido pela TV Cultura de São Paulo. Júlio, um dos personagens principais, vê um Jequitibá pela primeira vez e, admirado com o tamanho da árvore, decide plantar, na fazenda onde mora, uma semente que havia encontrado na base de seu tronco. Quando Zazá, uma das galinhas da fazenda, alerta Júlio quanto ao tempo que um Jequitiba leva para crescer, ele responde: - não tem problema, eu posso esperar.
No Parque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, Estado de São Paulo, encontram-se alguns dos maiores exemplares de jequitibá conhecidos.