Iracema
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Nota: Para outros significados de Iracema, ver Iracema (desambiguação).
Iracema (ou Iracema, lenda do Ceará) é um romance da literatura romântica brasileira publicado em 1865 e escrito por José de Alencar, fazendo parte da trilogia indianista do autor. Os outros dois romances pertencentes à trilogia são O guarani e Ubirajara.
O romance conta, de forma quase poética, o amor de um branco, Martim Soares Moreno, pela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel e de cabelos tão escuros como a asa da graúna e explica poeticamente as origens da terra natal do autor, o Ceará.
A relação do casal serviria de alegoria para a formação da nação brasileira. A índia Iracema representaria a natureza virgem e a inocência enquanto o colonizador Martim (referência explicita ao deus romano da guerra, Marte) representa a cultura (européia). Da junção dos dois surgirá a nação brasileira representada alegoricamente, então, pelo filho do casal, Moacir ("filho da dor").
Para alguns críticos, a palavra Iracema é um anagrama de América, tratando-se o livro pois de uma metáfora sobre a colonização americana pelos europeus. O desenvolvimento da história e, principalmente o final, assemelham-se em muito a história do novo continente.
Índice |
[editar] Características
- O foco narrativo é em terceira pessoa e o narrador é onisciente.
[editar] Resumo
A história começa descrevendo o local onde se passará tudo, depois descreve Iracema como a mulher idealizada: virgem, com lábios de mel. Só então o livro realmente se inicia.
Iracema estava descansando após um banho quando um rumor a faz disparar uma flecha, a qual atinge Martim, um guerreiro branco, na face e, arrependida por ter assim quebrado a flecha da paz, ela lhe oferece a sua hospitalidade. Ao chegar à cabana de Iracema, Martim diz que chega como amigo, então Araquém, pai de Iracema, o recebe muito bem oferecendo-lhe proteção dos guerreiros e mulheres para servi-lo, mas Martim mostra-se interessado por Iracema, que lhe explica não poder servi-lo porque “guarda o segredo da jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o Pajé a bebida de Tupã”.
Na mesma noite da chegada de Martim os tabajaras festejavam seu grande chefe Irapuã que descer do alto da Serra Ibiapaba para comandar a luta contra os inimigos pitiguaras. Aproveitando-se disso, decide ir embora, mas Iracema o se segue e pergunta-lhe se alguém o fizera mal para fugir daquele jeito e pede para que ele espere até o outro dia para ir embora, quando então seu irmão, Caubi, o guiaria pela mata. Martim desculpa-se e decide voltar.
No outro dia Martim e Iracema vão passear e, ao ver a tristeza de Martim, pergunta-lhe se é saudade de sua noiva, mesmo ele negando ter uma. Iracema guarda consigo o segredo da bebida de tupã, que é alucinôgena. Martim pede a ela que lhe dê um pouco desta tal bebida para que ele possa, pelo menos em sonho, ter pra si a virgem. No entanto, sonho e realidade misturam-se, tornando-se Iracema, naquele dia, "esposa" de Martim.
Martim é ameaçado pelo enciumado chefe guerreiro Irapuã, que quer invadir a cabana de Araquém e matá-lo. Apesar da avertência de Araquém de que Tupã puniria quem machucasse seu hóspede, os guerreiros de Irapuã cercam a cabana, que é protegida por Caubi, irmão de Iracema.
Iracema encontra Poti, que está próximo à aldeia do Tabajaras e deseja salvar o amigo. Planejam, então, a fuga de Martim. Durante a preparação dos guerreiros Tabajaras para a guerra com os Pitiguaras, Iracema lhes serve o vinho da jurema e, enquanto os guerreiros deliram, ela leva Martim e Poti para longe da aldeia. Quando já estão em terras pitiguaras, Iracema revela a Martim que ela agora é sua esposa e deve acomponhá-lo. Entretando, os tabajaras descobrem que Iracema traíra "o segredo da Jurema" e passam a perseguir os fugitivos. Os Pitiguaras, avisados da invasão tabajara, juntam-se aos fugitivos e é travado um sangrento combate. Iracema luta ao lado de Martim contra a sua tribo. Os pitiguaras ganham a luta e Iracema se entristece com a morte dos seus irmãos tabajaras.
Por não se sentir bem vivendo na nação inimiga, Iracema, Martim - que agora adotou o nome de Coatiabo - e Poti vão viver em um lugar afastado. Iracema está grávida e não fascina mais Coatiabo, que tenta apagar as lembranças da vida que tinha antes de viver na selva. Poti é chamado para defender sua tribo (Pitiguaras) em outra guerra contra os Tabajaras e Martim faz questão de acompanhar o amigo.Deixam, então, um sinal para Iracema, que, ao receber a notícia, fica muito triste. Os pitiguaras vencem de novo, graças à atuação de Martim, o qual, ao encontrar Iracema, a ama como antes, no início da relação. No entanto, logo nosso herói volta a sentir saudades da vida que tinha antes, mesmo sabendo não poder tirar de Iracema um pedaço de sua alma, que é a mata.
Martim tentava negar as saudades de sua outra vida, e um dia viu nas suas admirações ao mar, a chegada de um navio com guerreiros que ajudariam os tupinambás, Iracema e Martim armam uma estratégia e os pitiguaras vencem novamente. Durante esta guerra, Iracema tem seu filho sozinha, Moacir (filho da dor), e recebe a visita de seu irmão, que fica espantado com sua tristeza e a chama para morar com Araquém que está velho e sozinho, mas ela não vai.
De tanta tristeza, Iracema vai perdendo suas forças e ficando muito debilitada. Quando Martim chega da guerra, ela já está quase morrendo, apresenta-lhe o filho, pede para ser enterrada ao pé do coqueiro que ele tanto amava e morre. Martim fica muito triste, principalmente porque seu amor havia se revigorado com a chegada do filho. Onde Iracema foi enterrada foi chamado Ceará (um coqueiro e um rio)
Martim e seu filho retornaram à sua terra natal, Portugal, e após quatro anos voltam ao Ceará para implantar a fé cristã, até mesmo Poti se converte e continua amigo fiel de Martim, ambos ajudaram Albuquerque a vencer os tupinambás e a expulsar o branco tapuia.
De vez em quando, Martim ia até onde fora tão feliz e sofria de saudade. A jandaia que Iracema tanto gostava permanecia cantando no coqueiro, ao pé do qual Iracema fora enterrada, mas a ave não repetia mais o mavioso nome de Iracema.
Tudo passa sobre a terra.
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
José de Alencar
Romances: Cinco minutos | A viuvinha | O guarani | Lucíola | Diva | Iracema | As minas de prata - 1.º vol. | As minas de prata - 2.º vol. | O gaúcho | A pata da gazela | O tronco do ipê | Guerra dos mascates - 1.º vol. | Sonhos d'ouro | Alfarrábios | Guerra dos mascates - 2.º vol. | Ubirajara | O sertanejo | Senhora | Encarnação
Peças de teatro: O crédito | Verso e reverso | Demônio familiar | As asas de um anjo | Mãe | A expiação | O jesuíta
Críticas: Cartas sobre a confederação dos Tamoios | Ao imperador: Cartas políticas de Erasmo e Novas cartas políticas de Erasmo | Ao povo: Cartas políticas de Erasmo | O sistema representativo
Autobiografia: Como e porque sou romancista
Crônica: Ao correr da pena