História das mentalidades
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A História das Mentalidades é o ramo mais profundo da História pois visa perscrutar e compreender as grandes alterações de mentalidade ao longo dos tempos. É do domínio do tempo longo, de teor essencialmente estrutural e que actua nos diversos factores de uma sociedade. Tem implicações na política, na sociedade, na economia, na cultura, no pensamento e na religião. Enquadra cada complexo histórico-geográfico e determina-o profundamente, não obstante, por sua própria natureza, não ser evidente discernir o que pertence especificamente a uma época e o que constitui permanência.
As suas repercussões são multidireccionais e aplicam-se ao homem como indivíduo, ser pensante e intelectual, à família, aos grupos, às comunidades, às nações. Entra igualmente no domínio do público e do privado, revelando para cada época sensibilidades e vivências próprias no relacionamento com os outros.
Por ser do domínio do tempo longo, a perspectiva temporal é fundamental para seu estudo. Devido à sua abrangência intrínseca, permite ampliar o conceito de documento, extravasando em muito o mero documento escrito de cariz oficial. Os actos inconscientes são tão ou mais importantes que a formalidade dos decretos e das ordens régias; a Arte, a Literatura, os costumes, os ritos, a religião são manifestações fundamentais para revelar a consciência auto-reflexiva que o homem tem de si numa determinada época. Com a História das Mentalidades, a elaboração histórica deu um salto qualitativo, quer em termos científicos quer no concernente ao seu ensino. A História Nova de Marc Bloch foi a grande impulsionadora da História das Mentalidades. Um outro grande impulsionador dessa teoria foi o filosofo e epistemologo francês Michel Foucault, ligado a psicanálise
A história das mentalidades é um meio de compreensão dos mecanismos sócio-históricos sobre um pano de fundo onde os conceitos elaboram-se a partir dos estados mentais de grupos coletivos. Desse modo, as manifestações que estão ligadas ao amar, lazer, morrer e viver num sentido de desvelar os discursos. Para além do óbvio visando uma inteiração entre o antropológico, a sociologia e a psicanálise. Em que a autoridade, tradição e passado está ligado a investigação multidisciplinares.
Para compreender história das mentalidades é preciso fazer uma viagem ao túnel do tempo nos Séculos XIX e XX, onde conceitos estabelecidos pelo historiador Ranke que idealizava uma história tradicional, política votada à biografia dos Reis, foi contestada mais tarde por Mark Bloch e Lucien Febver que buscavam estudar mais a história problema e do cotidiano com isso criaram a “Escola dos Annales” que era uma revista na qual abordava também mentalidades.
A História das Mentalidades teve como destaques principais dois historiadores que com suas obras mostraram o pensar e o agir na História do Metal, onde Marc Bloch editou “Os Reis Taumaturgos” que foi uma obra comparativa entre crença e autoridades dos Reis e Febver publicou “O Problema do Ateísmo no Século XVI: a religião de Rabelar” defendia a tese da História ser uma forma de estudo interdisciplinar.
Apesar de estudar o modo de agir e pensar do individuo a Historia das Mentalidades estava ficando “fora de moda” e os historiadores não gostam de ser tratado e rotulado como “historiador do metal” e a partir dos meados dos anos 80, na França a história já estará sendo reformulada, dando lugar a sua principal herdeira, a nova historia cultural.
A Historia Cultural no Brasil deu-se através do historiador Sérgio Buarque de Holanda e do antropólogo Gilberto Freyre, a partir de suas respectivas obras “Raízes do Brasil”, publicada em 1936, e “Casa Grande e Senzala”, publicada em 1933.