Diogo de Quadros
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Diogo de Quadros foi provedor das Minas de São Paulo nomeado em 1605 pelo governador Diogo Botelho. Fidalgo de cota d'armas e cavaleiro de Santiago, embarcara para o Brasil em 1591 com D. Francisco de Sousa.
Comprometera-se com a Fazenda Real em construir dois engenhos de ferro na Capitania de São Vicente, e, associado a seu cunhado Francisco Lopes Pinto levantou estabelecimento para a fabricação do ferro em Ibirapuera, dedicando-o a Nossa Senhora de Assunção. Renovaram também a atividade dos fornos erguidos por Afonso Sardinha no Araçoiaba. Em São Paulo, houve queixas de que cuidava mais de entradas para cativar índios do que na fabricação de ferro para a qual fora designado.
Como provedor de minas, mandou ao sertão em 1607 Belchior Dias Carneiro; em 1608 o espanhol Martim Rodrigues Tenório de Aguilar, seu sócio no engenho de ferro de Santo Amaro, na outra banda do Jurubatuba, atual Santo Amaro, tendo como outros sócios o castelhano Martim Rodrigues Tenório de Aguilar e o genro, Clemente Alvares; mandou em 1611 Baltazar Gonçalves com um mineiro alemão, ao sertão da Caativa, hoje Bacaetava; em 1613 orientou pessoalmente a entrada do cabo André Fernandes.
Em 9 de março de 1607, por sua determinação, como provedor das Minas de São Paulo, seguiu a bandeira de 150 homens brancos e muitos índios capitaneada por Belchior Dias Carneiro, um dos mais notáveis bandeirantes, filho deBeatriz Ramalho e Lopo Dias, neto portanto de João Ramalho.
Em 1617, substituído no cargo por Duarte Correia Vasqueanes, da família de Salvador Correia de Sá, partiu para as Índias.
Seu nome figura na severa carta de 13 de janeiro de 1606 dirigida pela Câmara de São Paulo ao donatário em que lhe dizem que, «se não acudir em breve, pode entender que cá não terá nada, pois que estão as coisas desta terra com a candeia na mão e cedo se despovoará, porque assim os capitães e ouvidores que Vossa Mercê manda, como os que a cada 15 dias nos metem os governos gerais em outra coisa não entendem nem estudam senão como nos hão d eesfolar, destruir e afrontar e nisto gastam seu tempo.» (...) «Vai isto em tal maneira e razão que pelo eclesiástico e pelo secular não há outra coisa senão pedir a apanhar, e uns que nos pedem e outro que nos tomam tudo é seu, e ainda lhes ficamos devendo. Tem ouro (…), e esperamos que haja prata pelos muitos indícios que há, mas faltam mineiros e fundidores destros. E o bom governo é o que nos falta de pessoas que tenham consciência e temor de Deus e valia, que nos mandem o que for justo e nos favoreçam no bem e castiguem no mal quando o merecermos, que tudo é necessário. Diogo de Quadros é ainda provedor das minas, anda fazendo um engenho de ferro; há metal de ferro na serra de Biraçoiaba, 25 léguas daqui para o sertão em terra mais larga e abastada, como há ouro a três léguas dali na Caatiba, donde se tirou o primeiro ouro; e desde ali ao Norte haverá 60 léguas de cordilheira de terra alta, que toda leva ouro, principalmente a serra de Jaraguá de Nossa Senhora do Monte Serrate, a de Voturuna e outras. Ha grande meneio de trato para Angola, Peru e outras partes. Quanodo à conservação do gentio, no sertão há infinidade deles e de muitas nações, que vivem a lei de brutos animais, comendo-se uns aos outros, que se o descermos com ordem para serem cristãos, será causa de grande proveito, principalmente o gentio Carijó que está a 80 léguas daqui por mar e por terra e se afirma podem ser 200 mil homens de arco. Acuda Vossa Mercê porque de Pernambuco e da Bahia por mar e por terra lhe levam o gentio do seu sertão e distrito e muito cedo ficará tudo ermo; porque os portugueses bem sabe Vossa Mercê são homens de pouco trabalho principalmente fora do seu natural. Das cinco vilas que cá tem com a Cananéia pode por em campo para os Carijós mais de 300 homens portugueses, fora seus índios escravos, que serão mais de 1.500, que com bom caudilho passam ao Peru por terra e isto não é fabula. Sendo Roque Barreto capitão, mandou ao sertão 300 homens brancos a descer gentio, gastou dois anos na viagem com muitos gastos e mortes e por ser contra uma lei do Rei que os padres da Companhia trouxeram, o Governador Geral Diogo Botelho mandou provisão para tomarem o terço para ele, depois veio ordem para o quinto, sobre isto houve muito trabalho e grandes devassas e ficaram muitos homens encravados, que talvez há nesta vila hoje mais de 65 homiziados não tendo ela mais de 190 moradores.»
