Deir Yassin
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Deir Yassin, era uma típica vila palestina, com pouco mais de mil habitantes, por volta de 1948. Também foi dado como nome simbólico de uma das fases da guerra de ocupação sionista, com o objetivo específico de obter mais territórios e de expulsar os habitantes nativos do "Estado Judaico".
Na vila com este nome, haviam casas de teto plano que enfileiravam-se no topo de uma montanha localizada a cerca de dois quilometros a oeste de Jerusalém. Seus habitantes cultivavam damascos, azeitonas e vinhas em terraços na encosta da montanha. Como a vila encontrava-se próxima a diversos assentamentos judaicos e poderia facilmente ser cercada pelas forças sionistas, o muktar(lider religioso da aldeia) havia feito um acordo de não-agressão com os judeus dos assentamentos vizinhos-e, apoiado nesse acordo, havia negado permissão para que forças árabes usassem a cidade como base.
Em abril, comandantes locais dos grupos terroristas Irgun e Stern procuraram o comandante da Haganah em Jerusalém, David Shaltiel, desejando tomar parte na operação destinada a abrir um corredor entre Jerusalém e Tel-Aviv. Embora receoso, Shaltiel acabou por autorizar o ataque, embora argumentasse que haveria outros motivos mais valiosos do ponto de vista militar. A operação foi chamada de Unidade, por reunir numa só ação os três setores das forças judaicas-Haganah, Stern, Irgun-, embora a primeira entrasse, a princípio, apenas com apoio "logístico" e armamentos, além de enviar um "observador", o jovem oficial Meir Pa'il. Nos dias seguintes, os líderes dos dois grupos terroristas reuniram-se para planejar o ataque, que visava "quebrar" o moral árabe e criar pânico entre os árabes palestinos. Segundo um comandante da Irgun, a maioria dos comandantes presentes às reuniões "decidiu pela liquidação de todos os homens da aldeia e quaisquer outros que se opuséssem a nós, mesmo que fossem velhos, mulheres ou crianças".
Na madrugada o dia 9 de abril de 1948, a força de assalto sionista, com 120 homens, aproximou-se da aldeia. Os sentinelas, armados com velhos rifles turcos, alertaram a população, que rapidamente começou a fugir para as aldeias vizinhas, enquanto alguns homens faziam frente aos invasores. No começo, os sionistas fizeram pouco progresso; segundo o observador da Haganah, Meir Pa'il: "Eles conseguiram ocupar apenas a metade oriental da aldeia, não conseguindo ocupar a parte ocidental. Dez ou doze árabes atiravam contra eles usando apenas rifles, não tinham armas automáticas, e seguraram-nos do lado oriental". Percebendo a dificuldade dos invasores sionistas, o próprio Pa'il enviou um mensageiro a uma base próxima da Haganah, solicitando reforços. Logo, um pelotão da Palmach(a força principal da Haganah)chegou aldeia, ocupando-a em poucos minutos e sem nenhuma baixa. Com a vitória, o pelotão da Palmach retirou-se, deixando as ações sob responsabilidade dos comandantes terroristas.
O que se seguiu na aldeia foi a mais brutal selvageria, e embora até hoje a literatura sionista e israelense divida-se quanto aos seus motivos e consequências, há unanimidade entre historiadores árabes e ocidentais, e entre observadores de organizações humanitárias. de que o que houve em Deir Yassin foi uma matança deliberada e cruel da população civil com o objetivo de atemorizar os habitantes de toda a região e provocar sua fuga. Anos depois, o jornal judaico-americano Jewish Newsletter relatou:
- " Depois que os homens da Haganah se retiraram, membros da Irgun e do Grupo Stern perpetraram as mais revoltantes atrocidades: 254 homens, muilheres e crianças árabes foram massacrados a sangue frio e seus corpos mutilados foram atirados em um poço; mulheres e moças árabes capturadas e trazidas para Jerusalém em caminhões e conduzidas em parada pelas ruas, onde eram humilhadas e cuspidas. No mesmo dia, os irgunistas deram uma entrevista à imprensa na qual disseram que amatança coletiva era uma "vitória" na guerra de conquista da Palestina e da Transjordânia".
Para completar a ocupação, os terroristas jogavam granadas pelas portas das casas e metralhavam indiscriminadamente a todos os que viessem pela frente. mulheres tiveram suas barrigas rasgadas por baionetas, e crianças foram mortas em frente a suas mães. Uma comissão inglesa que entrevistou sobreviventes alguns dias depois, conclui que "muitas atrocidades sexuais foram cometidas pelos atacantes judeus. muitas mulheres foram estupradas e depois trucidadas. Mulheres idosas também foram molestadas". Alguns corpos foram encontrados com mais de 60 tiros, ou com membros amutados. Quinze casas foram dinamitadas, incluindo a casa do muktar, enquanto as demais foram saqueadas.
De acordo com o médico da Cruz Vermelha, Dr. Jacques de Reynier: "A limpeza foi feita com metralhadoras e depois granadas de mão. Foi terminada com facas, qualquer um podia ver isso". O médico suíço ficou particularmente chocado por uma das terroristas que segurava uma faca. "Uma bonita jovem israelense com olhos criminosos, mostrou-me uma faca com sangue ainda pingando, ela me mostrava aquilo como se fosse um troféu". O comportamento dos terroristas sionistas lembrou o médico da Cruz Vermelha de seu serviço durante a segunda guerra mundial, quando lhe veio a mente uma cena em que viu "uma jovem nazista apunhalar um casal de velhos sentados em frente de sua cabana".
O saldo do massacre foi de 254 civis palestinos mortos, grande parte constituída por crianças, mulheres e idosos. Os sobreviventes fugiram aterrorizados, abandonando a aldeia e disseminando o pânico entre a população palestina. Entre os invasores, o número total de mortos foi de QUATRO.