Companhia de Dança Contemporânea de Angola
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A Companhia de Dança Contemporânea de Angola [1] foi fundada em 1991, confrontando-se permanentemente com as adversidades próprias de um país africano onde a dança enquanto categoria académica e teatral não possuía qualquer raiz histórica. Tendo sido o primeiro grupo de dança angolano com caracter profissional, a CDC foi-se impondo, gozando hoje de grande prestígio e respeito na sociedade angolana. É dirigida desde o início pela bailarina e coreógrafa Ana Clara Guerra Marques que, acreditando na criação de uma dança contemporânea angolana a partir da sua herança cultural africana, efectua estudos e pesquisas em várias regiões de Angola. Os seus bailarinos, formados dentro das técnicas e estilos de dança académica universais são um exemplo de que a dança profissional requer uma formação sólida e permanente. O objectivo principal desta Companhia é a criação e divulgação de novas linguagens, novas estéticas e novas situações para a dança em Angola, projectando-a a um nível de contemporaneidade através da revitalização dos elementos da cultura popular e tradicional, mas também exprimindo e revelando aspectos inerentes ao homem enquanto cidadão do mundo e protagonista da cena social angolana. Assim, nas suas obras explora-se frequentemente a co-habitação entre a dança tradicional e a contemporânea, cruzando-se as posturas da estatuária e elementos das danças tradicionais angolanas com as atitudes e realidades urbanas. O absurdo, o insólito e o humor estão sempre presentes nas criações desta Companhia, servindo de pretexto para dissecar a sociedade angolana: guerra, violência, hipocrisia e indiferença da cidade em relação aos problemas dos seus habitantes. Pondo o dedo na ferida, a CDC diverte-se a gozar com o público, provocando-o para o alertar para os problemas sociais que se vivem em Angola. Os seus espectáculos são utilizados como forma de intervenção social e denúncia. Com a intenção de tirar a dança dos palcos interiores dos teatros, a Companhia de Dança Contemporânea introduz, pela primeira vez, a utilização de espaços não convencionais como lagos de água, jardins, cervejarias ou galerias de arte, trabalhando com os mais prestigiados artistas plásticos e escritores angolanos. Não existindo no país outras companhias de dança vocacionadas para o efeito e no âmbito da sua responsabilidade pedagógica de formação estética do público, a CDC criou um “Programa de Concerto”, integrado por algumas peças clássicas e modernas a serem apresentadas com o objectivo de uma contextualização histórica e evolutiva da dança. Para além dos espectáculos apresentados em Angola, a CDC representou já a dança contemporânea angolana noutros países de África, Europa e Ásia, onde o seu trabalho foi sempre apreciado e reconhecido.
