Carlos Maria Gomes Machado
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Carlos Maria Gomes Machado (Ponta Delgada, 4 de Novembro de 1828 — Ponta Delgada, 1901) foi um médico, naturalista, professor liceal, reitor do Liceu Nacional de Ponta Delgada e governador civil do Distrito de Ponta Delgada. Foi o fundador do Museu Açoreano, decano dos museus açorianos, instituição que desde 1914 se denomina, em sua homenagem, Museu Carlos Machado.
[editar] Biografia
Casou com Matilde Eufémia Damásio de Freitas.
[editar] A criação do Museu Açoreano
Carlos Maria Gomes Machado, então reitor do Liceu Nacional de Ponta Delgada e professor da disciplina de Introdução à História Natural, teve um papel determinante na fundação de um Museu de História Natural na cidade de Ponta Delgada, a primeira iniciativa desta natureza a ser levada a cabo nos Açores. As primeiras colecções foram reunidas a partir de 1876, quando Carlos Machado decide criar, inicialmente para apoio à sua disciplina, um laboratório zoológico e mineralógico que servisse, também, de local de estudo e investigação das espécies açorianas.
Organizado ainda sob o espírito oitocentista de criação de gabinetes zoológicos, botânicos e mineralógicos, as colecções que deram origem ao actual departamento de História Natural do Museu Carlos Machado, ganharam foram progressivamente enriquecidas e aquele que inicialmente era um museu escolar foi-se progressivamente autonomizando e abrindo à ilha e à comunidade científica internacional.
Este desenvolvimento reflectiu a mentalidade científica do século XIX e o grande interesse pelas ilhas então demonstrado pelos naturalistas, muito influenciado pela divulgação da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin, a prova da qual colocava inicialmente grande ênfase no estudo da especiação em ambientes insulares isolados. Outros factores determinantes para o êxito do projecto foram as campanhas oceanográficas do príncipe Alberto I do Mónaco e do rei D. Carlos I de Portugal, que tiveram amplo eco local, associadas ao aparecimento de uma elite culta e endinheirada na ilha de São Miguel, resultante do próspero comércio da laranja.
Em resultado da iniciativa de Carlos Machado, a 10 de Junho de 1880, por ocasião das celebrações do tricentenário da morte de Camões, foi inaugurado o então denominado Museu Açoreano, expondo diversas colecções de Ciências Naturais, nomeadamente, Zoologia, Botânica, Geologia e Mineralogia, com espécimes maioritariamente oriundas do arquipélago dos Açores e hoje consideradas históricas. O Museu Açoreano ficou instalado no extinto Convento de Nossa Senhora da Graça, que também albergava o Liceu
O património inicial do Museu, essencialmente constituído pela colecção pessoal de Carlos Machado e por aquisições feitas para o Liceu, foi sendo enriquecido com o apoio de vários membros da elite micaelense, entre os quais António Borges de Medeiros Dias da Câmara e Sousa (1.º marquês da Praia e Monforte), o naturalista Francisco de Arruda Furtado, o Dr. Bruno Tavares Carreiro, o coronel Francisco Afonso de Chaves e Jacinto da Silveira Gago da Câmara (2.º conde de Fonte Bela). Deve-se a este último a oferta da colecção de Etnografia Africana e o apoio financeiro que permitiu suportar as despesas com a deslocação de Manuel António de Vasconcelos a Lisboa, onde cursou taxidermia.
O Museu também conseguiu o apoio entusiástico de muitos naturalistas amadores de outras ilhas dos Açores e de vários membros destacados da comunidade científica internacional.
Ao longo dos seus anos iniciais a instituição viu aumentado o seu património, não apenas através de aquisições, mas também mediante importantes doações e legados. Em resultado, o espólio do museu foi distribuído por diversos espaços do Convento da Graça de Ponta Delgada, onde estava instalado o Liceu e se encontravam os exemplares de Zoologia e Etnografia, e um edifício da Alameda de D. Pedro IV, no Relvão, onde foram expostas as colecções de Pintura, Botânica, Mineralogia, Geologia e a Biblioteca.
O Museu Açoreano viveu até 1886 de um subsídio cedido pela Junta Geral do Distrito, e de outro anual doado por Jacinto Inácio Rodrigues da Silveira, o 1.º barão da Fonte Bela. A 25 de Outubro de 1890 o Museu passou a estar dependente do Município de Ponta Delgada, denominando-se a partir de 1914 Museu Carlos Machado, em homenagem ao seu fundador.