Acidente radioativo de Goiânia
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O acidente radioativo de Goiânia, Goiás, aconteceu no dia 13 de setembro de 1987. No ocorrido foram contaminadas milhares de pessoas acidentalmente pelas radiações emitidas por uma cápsula de césio-137. Foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior radiológico do mundo [1].
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[editar] Os responsáveis
A cápsula de césio-137 fazia parte de um equipamento hospitalar utilizado para radioterapia que utiliza o césio para irradiação de tumores, ou materiais sanguíneos (sangue e plasma sanguíneo). O irradiador havia sido desativado há dois anos (1985) e se encontrava abandonado numa edificação pertencente ao Instituto Goiano de Radioterapia. Dois catadores de sucata chamados Roberto e Wagner invadiram o prédio abandonado e observaram um volume muito pesado, constatando ser um bloco de chumbo, venderam para um depósito de materiais em desuso, chamado no Brasil de ferro-velho.
[editar] O desmonte do equipamento radiológico
Ao desmontar o equipamento para o reaproveitamento do chumbo, o dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de Césio-137 (CsCl), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCl), mas que emite um brilho azulado quando em local desprovido de luz. Vendo a bela emissão do sal, o proprietário do ferro-velho o distribuiu para seus parentes, vizinhos e amigos. Pelo fato de esse sal ser higroscópico, ou seja, absorver a umidade do ar, ele facilmente adere à roupa, pele e utensílios, podendo contaminar os alimentos e o organismo internamente.
[editar] A exposição à radiação
Tão logo expostas à presença do material radioativo, as pessoas em algumas horas começaram a desenvolver sintomas: náuseas, seguidas de tonturas, com vômitos e diarréias. Alarmados, os familiares dos contaminados foram inicialmente à drogarias procurar auxílio, alguns procuraram postos de saúde e foram encaminhados para hospitais.
[editar] A demora na detecção
Os profissionais de saúde, vendo os sintomas, pensaram tratar-se de algum tipo de doença contagiosa desconhecida medicando os doentes sintomaticamente. Como não se descobriam as causas da estranha doença, durante entrevista com médicos, dezesseis dias depois de ocorrido o acidente, a esposa do dono do ferro velho relatou para a junta médica que os vômitos e diarréia se iniciaram depois que seu marido desmontou um aparelho estranho. Imediatamente foi pedido que ela levasse um fragmento deste para a Vigilância Sanitária. Somente após este momento, no dia 29 de setembro de 1987, foi constatada a contaminação radioativa de milhares de pessoas. O governo da época tentou minimizar o acidente escondendo dados da população.
[editar] A contaminação
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar toda a população da região. Desta 112 800 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo. 129 apresentaram contaminação corporal interna e externa concreta vindo a desenvolver sintomas e medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.
Até a atualidade (2006) todos os contaminados ainda desenvolvem enfermidades relativas à contaminação radioativa, fato este muitas vezes não noticiado pela mídia brasileira.
[editar] Lixo atômico
A limpeza produziu 13,4 toneladas de lixo atômico, que necessitou ser acondicionado em 14 contêineres fechados hermeticamente. Dentro destes estão 1.200 caixas, e 2.900 tambores, que permanecerão perigosos para o meio ambiente por 180 anos. Para armazenar esse lixo atômico, e atendendo às recomendações do IBAMA, do CNEN e da CEMAm, o Parque Estadual Telma Ortegal foi criado em Goiânia, hoje pertecente ao município de Abadia de Goiás.
[editar] Referências
- ↑ Greenpeace. Brasil: não ignore os 20 anos de Chernobyl [sic]. 25 de abril de 2006 (http://www.maxpressnet.com.br/noticia.asp?TIPO=PA&SQINF=219400). Press release.